terça-feira, 18 de setembro de 2007

Uma Ciranda ...

Não faça o mal
a quem te faz o bem...
eu vou ao mar
e depois eu vem...

E lá no mar
tem uma pedra...
E nessa pedra
mora uma índia...

Eu vi a pedra balançar
essa índia eu vou buscar...

A benção a D. Lina

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Convite do Filpo...

Roda de Compositores no STUDIO SP

oi Povo!
Vou tocar no Studio SP nos dia 14/09 com a Maria Preá e dia 28/09 com o Jonathan Silva e possíveis canjas no som alheio nos dia 7/09 e 21/09. Projeto cedo e sentado apresenta nas sextas de setembro: RODA DE COMPOSITORES
Veja a Programação completa no Flyer!!
STUDIO SP
Rua Inácio Pereira da Rocha, 170
a partir das 22h
R$ 15,00 (até 22:30)
Bjos e Abços!
Filpo




segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Fandango na Associação dos Moradores do Bairro do Acaraú

Angelo Tambor e amigos...

O Marvado Jacaré
Esse caso aconteceu, no sítio da Agrossolar
Mataram um jacaré grande e começaram a descascar
Cobicei o dente dele para fazer um colar

Um dizia que tava vivo, outro diz que já morreu
Me pus a brincar com ele, isso nunca aconteceu
Marvado depois de morto, pois ainda me mordeu

Me pus a brincar com ele, todo assustado com medo
O marvado jacaré ele tem o seu segredo
Marvado depois de morto, ainda mordeu o meu dedo

E agora o que fazemos, o bicho é de traição
Tranquei a foice na boca, eu quero tirar minha mão
Como é que um bicho morto ainda morde um cristão

Ele mordeu o meu dedo e eu mesmo fui o culpado
Nunca mais eu vou brincar com esse bicho marvado
O marvado do modista reparou e tirou um baelado
(Chamarrita)

“...na Agrossolar aconteceu um caso que mataram um jacaré e João Vitor mestre de viola do São Paulo Bagre foi brincar com o dente do jacaré, tava lá cobiçando para fazer um colar e mexendo no dente assim do jacaré, foi quando o jacaré mordeu o dedo do João Vitor, ai tiveram que abrir a boca do jacaré com uma foice pra tirar o dedo dele fora...”
Diz que o forró ontem foi até as uma...

Homenagem...

Homenagem a meu querido irmão Pê pelo Dia do Biológo...

O Biológo

Você sabel qual é a Espécie que tem como hábito cuidar de todas as outras?

Classificação
Ordem: Primates
Família: Hominidae
Espécie: Homo Sapiens
Profissão: Biológo

Características
Habitat Natural: Terra
Local de Trabalho: onde há vida
Hábitos: cuidar do meio ambiente e da saúde, desenvolver a biotecnologia e praticar a educação.
Ferramentas: dedicação, pesquisa e trabalho

Foto: Rodolfo (rodoviária de Miracatu)



quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Olha o Dandão ...

João Firmino Dias nasceu em Cananéia, em 1941, filho de Hermínio Dias dos Reis e Emília Cunha das Neves. É pescador aposentado. A rabeca foi o primeiro instrumento que aprendeu, aos doze anos. Hoje toca em uma rabeca feita por ele mesmo. Seu João Firmino também toca cavaquinho, viola e violão. É artesão e também professor de rabeca do projeto Resgatando o Fandango Caiçara, rabequeiro do grupo de fandango Caiçaras de Cananéia e do Grupo de Batido São Gonçalo.

Foi um homem chamado Ângelo Alves. Ele pescava com meu pai e tocava rabeca e eu fui guardando aquilo na cabeça. Mas demorei para aprender, não é um instrumento fácil não. Quando eu fui ter gosto mesmo em tocar, eu tava com uns vinte anos. Demora. Ele tocava bem rabeca, mas ele mesmo falava que ele me ensinou a tocar rabeca e, depois de um tempo, eu já ensinava pra ele. Ele cansava de falar para nós. E ele o melhor tocador de rabeca lá de Taquari. (João Firmino)

Registro: Projeto Resgatando o Fandango Caiçara

Audiência Pública "A luta pelos Direitos do povo de Cananéia"


terça-feira, 28 de agosto de 2007

Coletivo Jovem Caiçara Lança Livro...



A história de Cananéia é recheada por saberes, fazeres, lendas, causos, crenças e costumes presentes na cultura caiçara local – SP
O livro “Saberes Caiçaras: a cultura caiçara na história de Cananéia” é mais que um produto literário. Além do resgate de uma cultura historicamente construída em contato direto com o ambiente natural, a elaboração do material incentivou a apropriação e a instrumentalização, por jovens, de um meio de produção de conhecimento.
Contribuir para a valorização da cultura caiçara no município de Cananéia através da pesquisa, registro e disseminação do modo de vida caiçara, possibilitando que a comunidade perceba seu pertencimento e co-responsabilidade na manutenção do saber tradicional e da cultura local. Este foi o desafio empreendido pelo Coletivo Jovem Caiçara de Cananéia na produção do livro “Saberes Caiçaras: a cultura caiçara na história de Cananéia”, que acaba de ser editado.
O livro foi produzido por 15 jovens com idades entre 14 e 29 anos e durante seis meses eles entrevistaram antigos moradores da cidade, considerada o primeiro povoado do Brasil.

“Enquanto estávamos marcados pelo entusiasmo de ir à busca do conhecimento de nossas raízes, nem imaginávamos o que veríamos pela frente – histórias marcantes e uma lição de vida passada pelos mais velhos...”William Cunha Gonçalves – 16 anos

O livro perpassa pela formação do Centro Histórico de Cananéia e suas peculiaridades, destacando os casarios de pedra e cal de ostras em estilo colonial, assim como a Igreja Matriz de São João Batista, tombada como patrimônio histórico pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT). Além da história de bairros urbanos como o Morro São João, Carijo e Rocio, que têm seus detalhes descortinados pelas histórias e causos dos moradores. Promoveu o diálogo entre gerações antigas, com suas raízes ligadas a terra, e gerações mais novas, que trazem a vontade, a criatividade e a capacidade de fazer diferente.
As comunidades do Marujá, Foles e Cambriú, na Ilha do Cardoso, também são abordados no livro, bem como as localidades continentais do Varadouro, Ariri, Santa Maria, Mandira e Itapitangui, que foram descritas pelos jovens que embarcaram no audacioso projeto de contar através da história de vida desse povo como era seu modo de vida antigamente; simples, humilde e permeado de tradições e crenças.

“(...) nasci aqui, aqui me casei, tô vivendo, eu acho que vai ser final de vida aqui, porque (...) pra mim saí, pra mim deixá minhas plantação aqui, tudo o que eu tenho, tudo o que eu fiz eu acho que não encontro lugar melhor de vive, pra mim sobrevive, do que o Varadouro”Luiz Camilo Mateus – Morador do Bairro Varadouro – 55 anos

O livro “Saberes Caiçaras: a cultura caiçara na história de Cananéia” criou um senso de identificação com a cultural tradicional nesse pequeno grupo de 15 jovens. Esse importante trabalho é uma das iniciativas que estão tentando mudar o perfil do jovem refém da cultura de massa.





















Serviço:
Livro “Saberes Caiçaras: a cultura caiçara na história de Cananéia”
De Cleber Rocha Chiquinho
Quanto: 20 reais (sem frete)
Onde adquirir: INSTITUTO DE PESQUISAS CANANÉIA - IPeC
Coordenação de Educação e CulturaRua Francisco Chaves, 263 - Centro - Cananéia - SP
Fone./Fax: (13) 3851-3959
E-mail:
coordenacao@ipecpesquisas.org.br
Website: http://www.ipecpesquisas.org.br/












Veja Também em:
http://revistaraiz.uol.com.br/portal/index.php?option=com_content&task=view&id=680&Itemid=184

Fonte: Revista RAIZ

Domingueira de Fandango - 02/09/2007

Não esqueçam... Todo 1º domingo do mês tem festa!!!


Grupo de Fandango Batido São Gonçalo


quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Forrozín...


Forró do fim-de-semana...
Sábado tem aquele forró de rabeca que todo mundo gosta!
Trio Só-Nós-Três voltando a tocar na região do Cambuci! Boa música, cerveja gelada, cachaça mineira... Quer mais o quê? Vale a pena!!

Veja também: http://papasmiscleo.blogspot.com/
______________________________________________
__________________________________________________________

DOMINGO 26/08 - FORRÓ DE RABECA com FLOR DE MUÇAMBÊ
Abertura da casa: 19h / início da apresentação: 20h
O autêntico forró pé-de-serra de acordeom e rabeca, com baiões, xotes, xaxados e arrasta-pé dos consagrados Luiz Gonzaga, João do Vale e Jackson do Pandeiro e de autores como Jacinto Silva e Ary Monteiro animam a nossa festa!
Filpo Ribeiro, Rabeca, Violão e Voz
Rone Gomes, Triângulo e Voz
Guluga Zabumba e Voz
A primeira dose de cachaça mineira é gratis.
Couvert artístico R$ 8,00

ESPAÇO MISCELÂNEA CULTURAL
Rua Alvaro Anes, 91 - Pinheiros (rua em frente a Fnac, travessa da av. Pedroso de Moraes)
Inf. 3815-9808E-mail miscelaneacultural@terra.com.br




terça-feira, 21 de agosto de 2007

Fandango Caiçara ...

O fandango tem uma história longa e controversa. Para alguns pesquisadores teria origem Árabe. Para outros, suas origens viriam da Pení­nsula Ibérica, quando Espanha e Portugal ainda não eram reinos de fronteiras definidas. Existe ainda uma vertente que classifica a origem do fandango na América Latina, de onde teria partido para a Espanha no iní­cio do século XVIII.
Uma de suas definições mais antigas e de uso generalizado é a de fandango como um baile ruidoso. Encontramos referências a baile e conjunto de danças chamadas por esse nome, ao longo de Portugal, Espanha e França. Em Portugal, há formas de dança e funções assim nomeadas no Arquipélago dos Açores, na região entre o Ribatejo e a Estremadura e, mais ao norte, na fronteira com a Espanha, onde congrega-se as principais danças dos Paí­ses Bascos. Na região de Andaluzia, tanto dança como gênero especí­fico, possuindo fortes ví­nculos com o universo do flamenco. Nas Américas, o termo é empregado desde o período colonial no México e na Colômbia, designando uma dança ou um conjunto de danças.
No Brasil, teve suas origens e influências ibéricas miscigenadas com outras matrizes culturais, assumindo regionalmente, com o mesmo nome de fandango, aspectos e caracterí­sticas completamente diferentes. Como resume Camara Cascudo, o termo fandango designa, em terras brasileiras, o auto marí­timo do ciclo natalino, encontrado em alguns estados nordestinos, e o baile sulista, encontrado no Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. No interior de São Paulo, na região de Sorocaba, há também uma variante de dança sapateada, herdada dos tropeiros, assemelhada à catira ou catereira.
Fandango Caiçara
O fandango
encontrado nos litorais paulista e paranaense, independente de suas origens, não seria apenas fruto de uma herança musical chegada ao sul do Brasil pelos portugueses. Essa teria se miscigenado com a música que aqui havia, também de violas e rabecas, nas vilas e caminhos desde os tempos da capitania de São Vicente. Sua musicalidade transitou por terra e mar, pelos canais e ilhas que interligam o litoral paranaense ao de Cananéia e Iguape, em São Paulo, na região conhecida como Lagamar , estendendo-se até o litoral norte de São Paulo.
O fandango aqui apresentado está compreendido então como uma manifestações cultural popular brasileira, fortemente associada ao modo de vida caiçara , onde dança e música são indissociaveis de um contexto cultural mais amplo. Sua prática sempre esteve vinculada a organização de trabalhos coletivos - mutirões, puxirões ou pixiruns - nos roçados, nas colheitas, nas puxadas de rede ou na construção de benfeitorias, onde o organizador oferecia como pagamento aos ajudantes voluntários, um fandango, espécie de baile com comida farta. Para além dos mutirões, o fandango era a principal diversão e momento de socialização dessas comunidades, estando presente em diversas festas religiosas, batizados, casamentos e, especialmente, no carnaval, onde comemorava-se os quatro dias ao som dos instrumentos do fandango.
Atualmente são cada vez mais rara a realização de mutirões, embora estes ainda sejam organizados em localidades como Rio Verde, Utinga e Taquari . Com o avanço da especulação imobiliária e a transformação de grandes áreas da região em unidades de conservação, inúmeras comunidades tradicionais foram obrigadas a migrar para outras regiões, desarticulando importantes núcleos organizadores de fandangos.
Os fandangueiros encontraram, no entanto, outras formas de vivenciar o fandango, através da organização de clubes de baile, de festas comunitárias, formação de grupos artí­sticos ou em recriações por grupos mirins. Nos dias atuais, é crescente a colaboração das comunidades com a realização de trabalhos de pesquisa e afirmação cultural das práticas caiçaras locais, através da formação de associação de fandangueiros e outras formas de organização.
Música, dança e instrumentos
O fandango encontrado na região possui uma estrutura bastante complexa, envolvendo diversas formas de execução de instrumentos musicais, melodias, versos e coreografias.
A formação instrumental básica do fandango normalmente são composta por dois tocadores de viola, que cantam as melodias em intervalos de terça, um tocador de rabeca, chamado de rabequista ou rabequeiro, e um tocador de adufo ou adufe. O violão é usado em vários grupos de Cananéia e Iguape, assim como na Barra do Ararapira (Ilha do Superagui - Guaraqueçaba/PR). O cavaquinho também são bastante comum no estado de São Paulo e na Barra do Ararapira. Já o bandolim é encontrado apenas no grupo Violas de Ouro de São Paulo Bagre (Cananéia/SP), utilizando, no entanto, uma afinação completamente diferente da usual.Também são encontrados outros instrumentos de percussão como o pandeiro, surdos, tantas, entre outros. O machete, instrumento de cordas bastante utilizado no passado para a iniciação musical dos fandangueiros por ser mais simples e menor que a viola são bastante raro atualmente.
Cada forma musical, definida pelos mestres violeiros, chamada de marca ou moda, dependendo da região, e possui toques e danças especí­ficas, que se dividem, basicamente, em duas categorias: os valsados ou bailados - dançados em pares por homens e mulheres, com ou sem coreografias especí­ficas - e os batidos ou rufados. Nos batidos, os homens utilizam tamancos feitos de madeira resistente, como canela ou laranjeira, intercalando palmas e tamanqueando no assoalho de madeira, de acordo com a marca ou moda executada. As mulheres acompanham os dançadores em coreografias circulares, onde os pares vão traçando figuras, sendo a mais comum a de um oito, no sentido anti-horário. A maior parte dos grupos, atualmente, possui um mestre marcador, ou mestre-de-sala, responsável por guiar os demais dançadores e evitar que se cometa balaio, como eram chamados pelos antigos os erros nas danças.
A grande maioria dos instrumentos encontrados no fandango são de fabricação artesanal, tendo a caixeta ou caxeta (Tabebuia cassinoides, D.C.) como madeira mais utilizada, e trazendo fama a alguns dos construtores de instrumentos ou fabriqueiros encontrados ao longo do caminho.
A viola de fandango, também chamadas em Iguape de viola branca, guarda algumas semelhanças com a viola nordestina, mas diferencia-se especialmente pelo variado número de cordas e pela presença da turina, cantadeira ou piriquita, corda mais curta que vai somente até o meio do braço da viola e, como o próprio nome diz, dá o tom da voz do violeiro. Em sua grande maioria, as violas possuem dez casas como as violas caipiras de meia-regra, mas os fandangueiros não as chamam de casas e, sim, de pontos, que são feitos com arame. As cravelhas são feitas de madeira dura e encaixadas no braço da viola através de furos feitos com ferro quente. Morretes é a única localidade no Paraná em que a viola mantém as dez cordas, sendo nove finas e uma um pouco mais grossa no quinto par, mas não possui a turina.
As violas de fandango são feitas com madeiras da região, podendo ser de forma (de aro) ou cavoucada (de cocho, escavada). No primeiro caso, o construtor tira filetes de madeira e põe na forma por alguns dias para que ela seja moldada e vai aos poucos montando o instrumento, peça a peça. No segundo, o construtor derruba uma árvore de tamanho suficiente para se fazer uma viola e, depois, vai esculpindo corpo e braço em uma peça única, colocando o tampo ou o fundo ao final. Além da caixeta, outras madeiras mais resistentes, como o cedro e a canela, podem ser utilizadas especialmente para confeccionar as cravelhas, sobre braços, cavaletes e os detalhes do acabamento em machetaria.
Os fandangueiros não possuem uma altura padrão para afinação das violas, que podem ser três: pelas três, pelo meio e intaivada (nome que, provavelmente, deriva de oitavada). A afinação em Morretes é denominada de pelas três e esta são foi encontrada novamente na Barra de Ararapira, tocada pelo violeiro Fausto Pires. A afinação pelas três é a única no fandango em que, a maneira da viola caipira, as cordas soltas formam um dos acordes da música. O quinto e o quarto pares de cordas são sempre tocados soltos. O outro acorde é feito com uma meia pestana, onde o dedo um prende na quinta casa o primeiro, segundo e terceiro pares de cordas.
A afinação pelo meio é usada somente na Ilha dos Valadares, em Paranaguá,, enquanto a intaivada é tocada em Paranaguá, Guaraqueçaba, Cananéia e Iguape. Os intervalos para afinação entre as cordas, nas afinações pelo meio e intaivada, são semelhantes aos intervalos do violão, porém em oitavas diferentes. A afinação pelas três é semelhante a afinação guitarra da viola caipira. Usa-se na quase totalidade das modas a tônica (T) e a dominante (D) para o acompanhamento. Os violeiros usam apenas os quinto, sexto e sétimo pontos da viola para acompanhar as marcas ou modas, salvo raros momentos onde registramos o violeiro ponteando a viola.
A rabeca também pode ser feita na forma ou cavoucada, utilizando-se vários tipos de madeira diferentes. O instrumento possui três cordas em quase toda a região, Ã exceção de Morretes e Iguape, onde é encontrada com quatro cordas . A afinação mais usada, da corda mais grossa para a mais fina, é de uma quarta justa. A rabeca sempre dobra a primeira voz e, nos momentos em que a moda ou marca não estão sendo cantada, faz uma linha melódica própria, tendo um toque - ou ponteado - especí­fico para cada uma. Segundo os fandangueiros, a rabeca enfeita o fandango e, por não ter pontos como a viola, é mais difícil de ser tocada. O dandão e a chamarrita, modas valsadas, possuem vários temas diferentes para rabeca, e podem ser tocados na mesma moda conforme a vontade do rabequista. Em São Paulo os toques de rabeca são diferentes dos toques do Paraná.
No acompanhamento rí­tmico temos o adufo, espécie de ancestral artesanal do pandeiro, onde o couro é deixado mais frouxo para obtenção de um som mais grave. O adufo era, no passado, confeccionado com couro de cachorro-do-mangue (mangueiro), veado ou cutia. Atualmente, com as proibições da caça desses animais, é mais comum o uso do couro bovino ou bode, embora o adufo venha sendo cada vez mais substituí­do pelo pandeiro.
Nos estudos dedicados ao fandango encontramos registros que dão conta de até duzentas marcas ou modas registradas. Embora este número nos pareça um pouco exagerado, de fato, impressiona a quantidade de toques e coreografias.
No caso de São Paulo, essa prática é atualmente pouco comum, embora antigos fandangueiros ainda saibam dança-lo .
Dentre os valsados mais tocados, temos as chamarritas e os dandãos, como são chamados no Paraná e em Cananéia, e os bailados e passadinhos , em Iguape.
A chamarrita, também chamada de chamarrita de louvação, em muitos lugares, era a primeira marca que dava iní­cio ao fandango, onde se pedia licença para a brincadeira e era saudado o dono da festa. Vinha antes mesmo do anu, primeiro batido dançado. Atualmente, as chamarritas não possuem mais essa função, sendo apenas uma forma de tocar e dançar o fandango valsado. No Paraná, a grande maioria não possui refrão. O violeiro canta os versos que ele já conhece de cor, adaptados e diferentes melodias de chamarritas por ele conhecidas. Geralmente os dois violeiros usam a mesma batida e a rabeca acompanha em uníssono os cantadores, possuindo alguns toques solo para os entremeios das estrofes. Em São Paulo, a maioria das chamarritas registradas possui refrão. Os toques tradicionais de rabeca são diferentes dos toques paranaenses e o violeiro não precisa cantar todos os versos do refrão depois da despedida, podendo cantar apenas o primeiro e o último. O dandão, ao contrário da chamarrita, apresenta refrão na grande maioria dos registros realizados. Podem começar tanto pelo refrão como por qualquer uma das quadras escolhidas pelo fandangueiro. Depois da despedida, o violeiro tem que cantar todo o refrão. No dandão, como na chamarrita, a rabeca acompanha em uní­ssono o canto e possui outros toques para o entremeio instrumental.
A maior parte das músicas cantadas no fandango não possuem autor conhecido, sendo consideradas muito antigas pelos tocadores. Destacamos, no entanto, a presença dos modistas ou tiradores de moda da cidade de Cananéia, como Ângelo Ramos, Armando Teixeira, Paulo de Jesus Pereira, do grupo Violas de Ouro de São Paulo Bagre, e do Jovem Valdemir Antonio Cordeiro, o “Vadico”, do grupo Jovens Fandangueiros de Itacuruça (Ilha do Cardoso - Cananéia).
Fonte: Museo Vivo do Fandango

segunda-feira, 20 de agosto de 2007